sábado, 22 de novembro de 2008

O FEUDALISMO AINDA NÃO ACABOU!!!


É impressionante como em pleno século XXI, ainda conseguimos ver um modelo fálido como o feudalismo ser exercido em empresas que se dizem um exemplo para o mundo capitalista, elas te oferecem condições de trabalho desde que você pague por elas, onde o Sr. capitalista ( "Sr.feudal") , cobra-lhe sem escrúpulos, de forma constrangedora, por aquilo que ele deveria te proporcionar, pois estas condições mínimas de trabalho estão ligadas diretamente com a qualidade final de seus produtos em relação à mão de obra de seus funcionários, consequentemente outros setores como Recursos humanos, cada vez mais desumanos, chefes e administradores de setor mais preocupados com os números do que com os índividuos, o ser humano por trás daquela força de trabalho, ambos influenciados pela busca desenfreada de mais capital para si e para os Srs. feudais de nossa época, como se as máquinas pudessem trabalhar sozinhas sem a necessidade de alguém por de trás delas, como se fizessem de cada proletariado um objeto, uma coisa que deve produzir, sem levar em conta a ética, a moral e a dignidade de cada individuo nas relações interpessoais do trabalho.
A escravidão também tinha algo parecido em relação a coisificação do ser , o dono dava condições ao escravo(roupa, comida, saúde) cobrando somente sua fidelidade e servidão, mas então vinham os abusos morais e sexuais sofridos pelos escravos, a falta de um cuidado maior a saúde dos escravos, por serem uma coisa poderiam ser trocados, contudo mesmo em meio a tudo isso existia uma relação humana de comunicação, interação e reciprocidade quanto as ordens e obediências.
O mundo capitalista de hoje em alguns lugares tem regredido para algo pior nas relações de trabalho entre os empresários e os proletariados, temos atualmente um capitalismo surdo, cego e mudo quantos as necessidades daqueles responsavéis para que a máquina capitalista funcione tranquilamente, devido à isso vemos um capitalismo reduzido a sua ganância, tornando o mundo cada vez mais mesquinho.
Como diria Zé Ramalho: "... é duro tanto ter que caminhar, e dar muito mais do que receber..."

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

RELATOS DE UM MANICÔMIO ( Rico)

A ida até o manicomio judiciário de franco da Rocha veio como uma experiência inovadora e ao mesmo tempo serviu pra mim saber o que realmente quero dentro da psicologia, todos os comentários preparatórios do professor me deixava um pouco receoso quanto a minha ida até o local em questão,pois trabalho na indústria de produção de máquinas um segmento totalmente diferente daquele que estudo,contudo venci as barreiras do meu preconceito quanto ao manicômio como também o preconceito em meu emprego quanto aos profissionais que prestam cuidados à pessoas internas em manicômios.
No dia da visita ao manicomio fiquei um pouco ansioso para ver de perto uma realidade ainda não vista ou experenciada, buscando de antemão entender o funcionamento da instituição , como seriam os funcionários e tudo o mais.
Chegando lá a primeira coisa que me veio a mente foi que este local era um lugar para ser esquecido, uma espécie de buraco negro da nossa sociedade onde são puxados para dentro deste sistema todas as mazelas que não queremos que nos atrapalhem no dia-a-dia ou aquelas que podem ser descartadas por não terem mais serventia nem uso. Pude concluir isso pela portaria do local sem nenhuma identificação especifica, indicando o que era aquele prédio ou que tipo de trabalho era realizado lá dentro, observei também muita precariedade quanto a estrutura do prédio como portas mal conservadas , quebradas, pinturas mal feitas, uma instituição que me pareceu ser mantida na medida do possível somente com o material básico.
Ao adentrar a instituição e ver os portões se fechando em minhas costas trazia uma sensação de angustia por imaginar como é entrar em um local onde as portas que eu devo abrir estão fora de meu alcance, guardadas dentro de mim , sendo que no caso de alguns internos que lá estão é uma tarefa quase que impossível diante das dificuldades da instituição.
No primeiro contato com alguns internos do manicômio não pude deixar de lembrar de trechos do livro Cartas e Retratos (M.Mamede,2006), me coloquei no lugar de alguém responsavél em ajudar o outro e traze-lo de volta a realidade, buscando sondar a verdadeira identidade de cada um daqueles com quem eu ia cumprimentado durante a visita, sua história, sua família, suas dificuldades e tristezas, lembrança que ficou presa em mim,
mas que ao mesmo tempo incomodava, não senti dó ou pena mas me senti ali compelido a fazer algo que pudesse transformar aquela dura realidade em esperança.
Cada vez que entravamos mais dentro do mundo da instituição mais eu me sentia distante e alienado sobre as doenças mentais e suas variâncias.
Um lugar que me chamou a atenção foi a clínica de tratamentos médicos,pois lá cada interno era identificado pelo seu nome completo, trazendo uma identidade as vezes esquecida pela sociedade mas que estava estava lá estampada nos papéis colados na parede, o que era totalmente diferente pra alguns internos que vestiam simplesmente o uniforme cedido pela instituição , perdendo assim sua noção de ser no mundo.
Por todas as alas vistas uma me chamou a atenção que era o antigo CTI( Centro de tratamento Intensivo), que tinha carcteristicas de uma masmorra, ou um calabouço, onde deveriam ser lançados aqueles que além de serem esquecidos pela sociedade, deveriam também serem destituidos da companhia dos outros internos o único rascunho vivo de um conceito de sociedade, pois pra psicologia eu só consigo me constituir na presença do outro.
Fiquei então imaginado como é ser colocado nu sem uma noção real ou a retirada do que ainda restou de mim .
Hoje posso dizer com certeza que minha realidade foi alterada pela experiência de ter visto de perto o mundo dos internos do manicômio judiciário de Franco da Rocha, pois agora sei o que devo buscar pra tentar transformar as utopias no tratamento em saúde mental em uma esperança,pois essa é a única realidade que mantém os internos de pé.