quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

A BISSEXUALIDADE DO APARELHO PSIQUICO E A MANIPULAÇÃO MASCULINA


Segundo Jung o ser humano possui uma bissexualidade psíquica herdada pelas experiências raciais do homem com a mulher e da mulher com o homem. Assim ele conceitua a idéia dos arquétipos Anima (arquétipo feminino no homem) e Animus (arquétipo masculino na mulher). Em outras palavras vivendo com mulheres através do tempo o homem adquiriu características femininas e vivendo com homem a mulher tornou-se masculinizada.
Para a psicanálise o falo não é só o órgão masculino em sua realidade, mas tão logo uma representação simbólica da onipotência e invulnerabilidade como características únicas e herdadas ao homem. Logo observamos um potencial fálico em algumas mulheres, quando ela toma a frente nas decisões especialmente nas relações entre ela e indivíduos do sexo oposto.
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Rebeca fala ao telefone com seu namorado em alto e bom tom:
“Olha, eu não posso lhe ver hoje porque tenho de arrumar minha mala, eu vou viajar, vou para Paris, então quando voltar se ainda nos encontrarmos eu decido se ficamos juntos ou não”.

“O animus é uma instância que engendra opiniões espontâneas e involuntárias trazendo uma influência sobre as emoções da mulher”. C.G. Jung (1961).

Usamos este breve monologo para ilustrar o que compreendemos por potencial fálico feminino.
As mulheres fálicas agem centradas no direito do seu próprio gozo, não abre mão do poder que usa sem pudor e culpa, e ao que observamos, percebemos que a mulher de hoje tem mais dificuldade para falar de seus sentimentos que de suas realizações sexuais. Para Jung essa capacidade de decidir com quem ficar, quando, onde e porque é atribuída por meio da razão que é uma encarnação do animus na mulher, ou seja, esta falicidade é a instância pensante do animus, pois a mulher está buscando sua emancipação completa em termos masculinos como um contra golpe a repressão e a privação a qual foi submetida por muito tempo.

“Algumas mulheres se exacerbam e passam a se comportar com desprezo pelo homem e supervalorizar o prazer sensorial orgástico equivalente as práticas masculinas de machismo”. Branden (2002).

Contudo também observamos que parte desta emancipação é representada por meio da exposição promíscua do corpo feminino, com um vestuário que supervalorizam os atributos mais desejados pelo homem a ponto de se auto coisificar para atender ao seu desejo e principalmente do homem, ou seja, a mulher recebe os títulos de objeto, frutas, animais, brinquedos entre outras coisas.
O homem por sua vez, com o objetivo de manipular a mulher fálica, suplanta a promiscuidade como atributo de emancipação no comportamento feminino.

“... suas liberdades estão limitadas a serem objetos de desejo e não indivíduos desejosos” Pereira, R. “A coisificação da mulher”. http://lostresiano.blogspot.com/, São Paulo, 2008

Para Jung o arquétipo da anima (ideal feminino no homem), constitui o referencial de mulher apreendido pelo homem ao longo do seu processo de individuação.

“Todo homem carrega dentro de si a eterna imagem da mulher, não a imagem desta ou daquela mulher em particular, mas uma imagem feminina definitiva. Esta imagem é ...uma marca ou arquétipo de todas as experiências ancestrais do feminino, um depósito, por assim dizer, de todas as experiências ancestrais do feminino, um depósito de todas as impressões já dadas pela mulher ... Uma vez que esta imagem, é inconsciente, ela é sempre inconscientemente projetada na pessoa amada e é uma das principais razões para atrações ou aversões apaixonadas”. (Jung, 1931b, p 198)

O homem tenta identificar sua imagem idealizada de mulher como a mulher real, mas, se não levar em conta as discrepâncias entre o ideal e o real pode sofrer um amargo desapontamento quando perceber que as duas não são idênticas. (Hall 1972). Acreditamos que a mulher fálica causa no homem um choque, pois o modelo fálico apresentado atualmente pela mulher diverge da mulher idealizada pela anima e um possível mecanismo de tentar restabelecer esta mulher seria coisificando-a, pois Jung dizia “a Anima produz caprichos...” e, esta coisificação seria a conseqüência desta exigência da anima.
Todavia a sensibilidade masculina, que a milênios foi intensamente reprimida em função de sua dominância patriarcal, hoje é entre outras coisas uma ferramenta arquetípica em função da necessidade de contenção da falicidade feminina.
A anima costuma ser representada pela sereia, ninfa etc..., Análogo a sensibilidade do canto das sereias que iludem os marujos para levá-los a morte, concluímos que a sensibilidade inconscientemente utilizada em um contato inicial pelo homem com a mulher fálica, tem por objetivo neutralizar o potencial fálico feminino, por meio da manipulação e da mesma forma torna todo comportamento da mulher fálica em promiscuidade, coisificando seu papel fálico diante da sociedade, assim o homem trás e tem de volta o seu papel patriarcal de decisão em relação a sua posição social.
Acreditamos que esta composição é muito precisa pois trata-se de uma visão macroscópica de uma abordagem microscópica, mas principalmente por se tratar dos pontos concernentes aos comportamentos humanos quando equiparados as teorias até então estudadas.


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