quarta-feira, 7 de abril de 2010

Psicanálise - Tratamento ou Perda de Tempo? Libertação ou Perversão?


Para diferenciar as abordagens clínicas compreendemos sobretudo o ponto de vista histórico, pois estes evoluíram assim como as patologias.
A substituição da pergunta “o que é você têm” por “aonde lhe dói” demonstra com clareza esta evolução. Este modelo clinico traz uma linguagem positivista o que trouxe como consequência o progresso da observação.
O fato é que esta abordagem transformava a medicina classificatória em uma medicina de órgão, de foco e de causas cujo interesse era pelo corpo do doente, não pelo corpo vivo, pois era o corpo morto que "indicava as causas".
"Daí o aspecto que a anatomia patológica toma em seu inicio o de um fundamento enfim objetivo, real e indubitável de descrição das doenças" (Foucault, 1987).
A partir do século XIX é que a doença no corpo torna-se objeto para linguagem médica positivista, modelando seu discurso para um método racional. Entretanto este modelo aponta uma maneira de aplacar as impossibilidades que fujam ao racional, o que promove ao médico uma escuta seletiva com vista ou tentativa de formulação de diagnóstico. Todavia se o conteúdo trazido pelo paciente não atende a estes requisitos, para o médico este se torna um dado irrelevante. o paradigma da clínica serve de parâmetro para o estabelecimento de um outro modelo clínico é necessário, se ater as origens médicas quando trata-se de diagnóstico e tratamento.
As proposições psicanalistas emergem a partir da prática médica de Freud para a própria teoria psicanalítica.
Apesar de todo conhecimento médico de Freud a demanda de seus pacientes apresentavam sintomas que na tentativa de responder as indagações propostas pelos próprios sintomas, ele as encontra quebrando os paradigmas clínicos de sua época, mas não despreza completamente os preceitos neurológicos.
A clinica psicanalítica é emergente ao tratar da histeria no campo da representação e não no campo do corpo anatomo-patológico. Compreendemos então a cisão da clinica médica para com a psicanálise, pois mesmo partindo das mesmas bases não apenas a abordagem é diferente, mas todo diagnóstico bem como o tratamento.
Freud (1923) estabelece que o objetivo da analise é capacitar o paciente a poupar energia mental que está sendo usada nos conflitos internos, obtendo do paciente o melhor que suas capacidades herdadas permitam, tornando-o capaz de gozar o quanto é possível. O objetivo principal não é a remoção sintomática, mas este é parte resultante da própria analise.
O médico encaixa o sintoma dentro de um diagnóstico de uma patologia pré-estabelecida, torna-o sujeito do saber, o que para a psicanálise, quando o paciente relata seu sofrimento (sintoma apresentado) o terapeuta não veste o capuz do sujeito do saber, pois o sintoma só tem um “sentido” para aquele que sofre por este motivo o terapeuta devolve as indagações do paciente em forma de novos questionamentos induzindo o paciente a realizar trabalhos psíquicos e alterando sua economia mental.
É importante ter ciência das relevâncias dos profissionais envolvidos em cada patologia específica, mais ainda o critério utilizado para o diagnóstico, reconhecimento e posteriormente tratamento da patologia.