terça-feira, 30 de março de 2010

Psicanálise uma verdade que pode ser contestada?


Como promover a humanização no tratamento da saúde mental?
Trata-se de uma questão muito ampla e que possivelmente não conseguiríamos responder como estudantes de psicologia e talvez nem depois de formados.
Por humanização na saúde mental compreendemos como tratar o indivíduo e não apenas a patologia que o encarcera e o distancia da vivência em grupo. E neste sentido aproximar-se do paciente, não como doente, mas como ser humano.
Neste texto não tentaremos responder a esta questão, mas identificar os possíveis problemas e partilhá-los, na tentativa de encontrar saídas para quebrar os paradigmas estabelecidos no tratamento da saúde mental.

DOENÇA E PARADIGMA

Antes de levantarmos os problemas, primeiro é necessário compreender como se define as doenças especialmente a mental do seu ponto de vista histórico.
A doença mental pode ser considerada como “desvios sociais” que são produzidos e imputados pela sociedade moderna. Desta forma a doença se caracteriza por seu status físico + sua significação social, ou seja, o “modo de estar” do doente na sociedade é condicionado pela dinâmica social, a psicopatologia de um sujeito é incompreensível, pois, diferente da medicina que percebe a doença apenas do ponto de vista biológico em outros termos biomédico. O médico reduz a significação social da doença ao seu status físico, em outras palavras ele esquece que o próprio fato de ser compreendido socialmente não é um fato meramente biológico.
Esta naturalização impede que a doença seja percebida em seu conteúdo social, logo o papel social da doença e do doente é mitigado.
Esta questão para nós futuros psicólogos pode parecer redundante mas é de extrema importância, porque todavia as psicopatologias se expressam por sintomas, as quais o psicólogo deve se ater para tratar a doença e a significação social é um destes sintomas.
O tratamento da saúde mental pela psicanálise que é uma ciência em sua origem determinista, prende-se em sua ideologia teórica e muitas deixando de lado os verdadeiros problemas relacionados a saúde mental. A postura que torna o terapeuta no sujeito do suposto saber, segundo Perrusi (ano) a ideologia transforma o saber em um universo reificado, bem como desacoplado do resto da sociedade, produz um saber desumanizado e indiferente que imobiliza as significações sociais tornando-as monopólio seu, assim ela legitima o conhecimento como único viável e verdadeiro, observemos por exemplo as interpretações da psicanálise sobre as psicoses.
As psicoses de um modo geral foram brilhantemente teorizadas por uma diversidade de psicanalistas, além de Freud, também podemos citar Abraham, Melanie Klein, Rosenfeld, Bion, a escola lacaniana e muitos outros, ou seja não faltam esforços teóricos para encarar o problema, mas como é possível que esta área resista sem nenhuma mudança em meio a tantas contribuições teóricas?
Será que não falta a psicanálise reconhecer que existem patologias que caem fora de seu alcance?
Ou reconhecer que um fenômeno fundamental está escapando das observações incluídas devidamente em seu contexto teórico?
Nós acreditamos que a institucionalização ou a internalização da regra do sujeito do suposto saber não trata o paciente utilizando de uma mesma linguagem e sim de uma assimetria comunicativa, uma linguagem entre paciente e terapeuta por meio de uma relação de subordinação “eu sou o médico e você o doente”.
Esta postura por ventura difere da postura do médico que citamos anteriormente?
Segundo Perrussi (ano) estar próximo a doença mental nos compele ao medo de adoecer, ou seja, se no meio onde vivo e como tal me socializo, alguém adoece, percebo nele uma alteridade que também pode me acometer em outras palavras é o medo da doença em mim, talvez porque este medo seja o medo da alteridade, que em ultima instancia , não pertence ao grupo de identificação do sujeito.
Acreditamos que a psicanálise deveria tratar o paciente como sujeito da ação e não apenas lidar com a patologia nele estabelecida. Porem tal idéia torna-se um paradoxo a ser pensado pela psicologia no tratamento da saúde mental.
O distanciamento por parte do terapeuta para com o paciente com a premissa de não influenciar seu discurso, coloca em xeque o próprio terapeuta, uma vez que para interpretar as associações trazidas pelo paciente ele necessita de uma aproximação mínima, em outras palavras ele precisa se apropriar do sujeito com todas as características plenas de sua patologia.
Concluímos com um trecho extraído do livro Escute Zé Ninguém de Reich que sintetiza em poucas palavras nossa concepção:

“Vocês me exaltam como futuro senhor de mim mesmo e do meu mundo, mas não me dizem como um homem se torna senhor de si mesmo e não me dizem o que há de errado comigo, o que há de errado com o que penso e faço” (Wilhelm Reich)

terça-feira, 23 de março de 2010

monitoria 2010 teorias da personalidade

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Ricardo e Anderson