terça-feira, 17 de janeiro de 2012

Olhando por dentro da Escola!

        Quando tratamos de manipulação, tratamos ela em torno de todas as esferas sociais em que um individuo está inserido. Portanto não poderia deixar de análisar o local onde as alienações começam a serem doutrinadas na vida de um sujeito, ou seja, a ESCOLA, que funciona na introjeção do conhecimento de outrem, que as vezes ignora as particularidades individuais na aquisição do conhecimento, levando aqueles alunos que não se adequam as suas normas homogeneizadoras à marginalidade do processo de aprendizagem, rotulando-os  assim como INDISCIPLINADOS.
        Pois conforme (MEAD, 1934), o ser humano é doutrinado ao trabalho desde criança através de suas contruções sociais, na qual os jogos são o principal contribuinte na inserção dos papéis sociais de um individuo, logo a escola atribui um "EU" naquilo que é feito hoje o comportamento doutrinado do aluno, para que no futuro este "EU" se dinamise em um "ME" que analisa seu comportamento passado (doutrinado) para se situar em algo no presente ou futuro, tornando assim o processo de aquisição do conhecimento em aquilo que Simone Weil (1949) chamou de dezenraizamento, neste caso do saber dos sujeitos já dominados e doutrinados para uma mão de obra pronta para o trabalho sem sentido para o sujeito, sendo assim sem mais delongas vamos olhar para dentro das escolas e como elas estão construindo os futuros trabalhadores.
          Para muitos professores, a falta de interesse dos alunos em aprender é o principal fator que dificulta o trabalho de ensinar (MARCHESI, 2006).
        O autor ainda relata que os professores alegam que os alunos não estão interessados em aprender, e como fatores que influenciam tais comportamentos, estão nas legislações educacionais e na falta de dedicação das famílias.
      Assim o autor nos diz que a falta de motivação não é um problema que possa ser atribuído exclusivamente para o aluno, pois o processo de aprendizagem ocorre em uma interação entre o aluno e o ambiente escolar, o que requer uma atenção e trabalho contínuo, para evitar que o processo educacional fracasse (MARCHESI, 2006).
        Outro autor a enfatizar sobre essa culpabilidade excessiva sobre os alunos, nos diz:
       ... Para entender tal problema é atribuir a responsabilidade pela perturbação da ordem aos que mais facilmente podem ser imputados: alunas e alunos! Afinal, dir-se-ia, “pessoas como nós, adultas e responsáveis, sérias e bem intencionadas, não temos nada a ver com essas irracionais turbulências infanto-juvenis”; por outro lado eles “não querem saber de nada”; se puderem, farão de tudo para atrapalhar o nosso trabalho, por que não compreendem a importância do que fazemos para a vida deles (CORTELLA, 2002).
        Já Rebelo (2002), acrescenta que os professores fazem uma análise muito simplista, pois eles dizem que a falta da imposição de limites pela família contribui para o comportamento indisciplinar, sendo assim o problema era encarado para fora da escola, e que os alunos não mudariam, enquanto a sociedade não mudasse.
        Essa ideia, que está implantada no professorado principalmente o público é definido por Cortella apud Rebelo, 2002, como “pessimismo ingênuo”, ou seja, a escola nada pode fazer em relação aos problemas sociais vividos em seu interior.
       Logo, não existe uma proposta para entender o desinteresse do aluno, que fica evidenciado por sua indisciplina, assim isentando a escola de qualquer responsabilidade sobre os problemas de indisciplina e evasão escolar (REBELO, 2002).
        Outros professores fazem como Souza (2007), afirma que o fracasso dos alunos ataca diretamente a segurança profissional deles e gera sofrimento, assim defendem-se culpabilizando as famílias e os alunos.
        A autora ainda enfatiza que muitos alunos, só frequentam a escola por obrigação, com a finalidade de conseguirem melhores empregos, outros ainda possuem uma visão de que a escola é um local de aprisionamento e da transmissão de conhecimentos distantes de serem alcançados.
       Já Marchesi (2006), nos diz que a falta de participação e de autonomia no ambiente escolar, pode contribuir para que muitos alunos se desvinculem do processo de aprendizagem, pois o aluno adolescente sente uma certa necessidade de afirmação pessoal, que as vezes entra em choque com uma estrutura curricular extramamente rígida em seu aprendizado.
       Logo alunos que não se adequam a tais modelos passam a não ter êxito, gerando assim  um constante fracasso do aluno  levando-o ao abandono da escola (MARCHESI, 2006).
       Modelos esses definidos por Cortella apud Rebelo (2002), como uma “prática pedagógica arcaica” defendida por professores que julgam serem os verdadeiros detentores do conhecimento, exigindo do aluno uma atitude passiva frente a conteúdos desinteressantes fragmentados e distantes da realidade, das necessidades e experiências deles.
        Assim os responsáveis pela educação hoje impõe uma disciplina, que busca formar corpos submissos e manipuláveis, aquilo que Foucault (1997) vai definir como “corpos dóceis”, para garantir uma boa aprendizagem.
       Além disso, em algumas escolas há também uma preocupação  exarcebada na realização de trabalhos burocráticos e administrativos no detrimento do pedagógico (REBELO, 2006).
 Gerando assim não apenas corpos dóceis, mas mentes dóceis também na aquisição de conhecimento e no processo de aprendizagem do sujeito

 Referências bibliográficas:

MARCHESI, Álvaro; O Que Será de Nós, Os Maus Alunos?; Porto Alegre; Artemed; 2006.

MEAD, George, Mind, Self and Society, 1934.


REBELO, Rosana Aparecida A.; Indisciplina Escolar: Causas e Sujeitos; Petrópolis; Vozes; 2005.

SOUZA, Beatriz de Paula; Orientação a Queixa Escolar; São Paulo; Casa do Psicólogo; 2007.

WEIL, Simone, A Condição Operária e Outros Estudos Sobre a Opressão; Rio de Janeiro; Paz e Terra, 1996.

 






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